.

.
Dálmatas e Chinese Crested Dog

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

BRUCELOSE CANINA


A  Brucelose é uma doença infecciosa causada por bactérias do gênero Brucella.

A infecção por Brucella canis em cães compromete principalmente o sistema reprodutivo mas pode acometer outros órgãos, especialmente olhos e disco vertebral, com sinais clínicos de uveíte e discoespondilite. Há relatos de animais que apresentaram osteomielite, dermatite, meningoencefalite e glomerulo-nefropatia, porém são raros.

Apesar de ser uma doença venérea, a  forma de transmissão mais comum é por ingestão ou inalação de aerossóis provenientes de material abortado ou secreções vaginais. Animais castrados e virgens podem ser contaminados se tiverem contato com fômites contaminados  com material de aborto, urina, secreções vaginais  ou sêmen.
Grande quantidade de microorganismos é eliminada no sêmen, principalmente durante as primeiras 6 a 8 semanas após a infecção, mas a liberação persiste por 60 semanas a 2 anos.  A urina é uma importante forma de transmissão, especialmente nos machos.
A Brucella canis também pode ser transmitida verticalmente por via transplacentária ou durante a lactação.

O aborto, com cerca de 45 dias de gestação é o sinal clínico observado com maior frequência e em geral é o motivo para que o proprietário procurar orientação de um médico veterinário. Todavia, a morte fetal pode ocorrer em qualquer estágio gestacional e a morte embrionária precoce é em geral despercebida e interpretada como falha na concepção. Há relatos de cadelas que parem normalmente porém os neonatos morrem alguns dias após o nascimento.
Em machos, a doença se manifesta  inicialmente provocando aumentos de escroto e epidídimo e leva a infertilidade

DIAGNÓSTICO
O diagnóstico pode ser confirmado através de exame sorológico e de PCR.

TRATAMENTO
Além do uso de antibióticos específicos a castração é essencial. Entretanto, a castração não exclui totalmente a possibilidade do animal permanecer como fonte de infecção para outros cães e humanos e por isso muitos veterinários recomendam a eutanásia dos animais positivos.




segunda-feira, 1 de setembro de 2014

EXAMES DE DNA EM CÃES


Esta semana estive conversando sobre a importância de se realizar exames de DNA em futuros reprodutores e logo em seguida me peguei refletindo sobre o lado filosófico de tal procedimento.

Exames de DNA são extremamente úteis na identificação de doenças hereditárias. É a maneira mais precisa e confiável de se identificar animais positivos para genes responsáveis por doenças generativas tais como: atrofia progressiva de retina (PRA) mielopatia degenerativa, síndrome de Falconi, leucodistrofia de células globóides, lepofuscinoise ceróide neuronal, encefalopatia neonatal, etc.

Cada uma destas doenças se manifesta em algum estágio da vida e muitos são imperceptíveis em animais filhotes e jovens.

Vou usar como exemplo o PRA, que descrevi com detalhes em postagem anterior. De acordo com a literatura consultada o problema é irreversível e incurável e uma vez que os sintomas começam a se manifestar o animal vai perdendo gradativamente a visão até ficar completamente cego. É uma doença que acomete cães adultos e que há casos de só se manifestar após 3- 4 anos de idade.
Se considerarmos que animais de canis em geral começam a vida reprodutiva por volta de 1 a 2 anos de idade, é possível que este animal tenha mais de uma ninhada antes que o proprietário perceba o problema. Se ambos os pais forem portadores as chances dos filhotes nascerem com o problema são muito altos.
Para fins didáticos chamarei de portador o cão heterozigoto, que possui o gene mas que nunca irá desenvolver a doença devido a seu caráter recessivo, e chamarei de doente o cão  homozigoto recessivo que irá desenvolver a doença
Pensando em termos matemáticos teremos:
cão 1  (+/+) x  cão 2 (+/+) - 100%  doentes
cão 1  (+/-)  x  cão 2 (+/+) - 50%  doentes ,  50% portadores
cão 1  (+/-)  x  cão 2 (+/-)  - 25 %  doentes  , 50% portadores , 25% saudáveis
cão 1  (-/-)   x  cão 2  (+/+) - 100% portadores
cão 1  (-/-)   x  cão 2  (+/-)  - 50% portadores e 50% saudáveis
cão 1  (-/-)   x  cão 2 (-/-)   - 100% saudáveis

Olhando o esquema acima acho que fica bastante óbvio o quanto é importante o conhecimento da genética dos cães antes de sairmos cruzando.

Contudo confesso que tenho um pouco de medo das consequências deste conhecimento. No que concerne a gerações futuras não há o que se discutir mas e com relação dos animais testados que se classificarem como doentes?
Eu me pergunto se o proprietário ao saber do problema continuaria a amar o seu animal ou simplesmente o rejeitaria por achar que o mesmo "não poderá dar lucro" ou porque simplesmente não deseje ter uma animal "aleijado" dentro de casa.

Em anos de convivência com proprietários e criadores, tenho visto e ouvido tantas histórias bizarras que confesso não saber o que pensar. Já vi tantas pessoas chegando na clínica e pedindo para sacrificarem seus animais por motivos tão banais...
Vejo tantas pessoas dizendo que querem eutanasiar seus animais simplesmente porque não tem mais tempo para cuidar e ou porque o mesmo já está velho e não serve mais para guarda. Sei que parece loucura mas é uma realidade que tenho que presenciar com certa frequência na clínica e que sempre me revolta.

Fica aqui então a minha pergunta: considerando todas as vantagens e riscos, você é a favor ou contra o exame de DNA em cães de companhia?