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Dálmatas e Chinese Crested Dog

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

LEISHMANIOSE CANINA: E A LUTA CONTINUA .


Apesar do esforço de várias entidades em abolir a lei que permite o sacrifício de cães com Leishmaniose, o problema parece que ainda terá muito a ser discutido.

Como veterinária e proprietária de cães me sinto numa situação constrangedora e delicada, pois se decidir por seguir meus princípios morais estarei indo contra o determinado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária  (CFMV), que de forma fria e pragmática defende a ilegalidade do tratamento da leishmaniose.

O CFMV esclare que o médico veterinário que  tratar animais com leishmaniose e for flagrado ou denunciado está sujeito à abertura de processo ético (Resolução CFMV875/2007). Se condenado terá penalidades como advertência, censura confidencial, censura pública, suspensão por até 90 ou cassação do registro profissional

Acho um paradigma que uma entidade que deveria defender a vida e incentivar o estudo de pesquisas e novos tratamentos se mostre irredutível em sua decisão a favor do sacrifício encaminhando o país ao título de “referência mundial de desrespeito do bem estar animal”. Será esta realmente a imagem que nós brasileiros desejamos?

Estudos já provaram que cães são animais sencientes, capazes de compreender o que acontece no seu entorno, capazes de sentir medo, alegria, tristeza, luto. Cada dia mais cães e gatos são utilizados como companhia e são vistos como um membro da família. Pode parecer meio drástico mas se cães portadores são vistos como reservatórios e por isso devem ser mortos, por que não eliminarmos também todos os seres humanos que apresentam a doença? Por que os humanos sempre se acham superiores e insistem em agir como se a vida de criaturas ditas “animais” não tivesse a menor importância.
Novos medicamentos já foram desenvolvidos e existem já artigos científicos onde comprovam sua eficácia no tratamento da temida doença. Por que os proprietários de cães não podem então ter o direito de tratar seus cães?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o sacrifício ineficaz  e proclama que o tratamento é viável e seguro, desde que acompanhado por médico veterinário. Por que então o Brasil continua  sendo o único país que insiste na utilização deste método anacrônico de combate a leishmaniose?

Ao ler a  matéria escrita por Wagner Leão do Carmo, advogado, uma pequena faísca de esperança parece ainda se manter acesa:

Fraqueja o discurso, fraqueja a classe, fraquejam as entidades de proteção animal, e acima de tudo fraqueja o poder público ao adotar uma política conservadora, ultrapassada e ineficaz, e, pior, voltada para interesses equidistantes daqueles detidos  pela maior parte da laboriosa classe dos médicos Veterinários “
“ Esclarecemos que o tratamento no Brasil não está proibido , como quer fazer crer o CFMV, pois o que estava proibido, segundo a Portaria Interministerial, era o tratamento da leshimaniose visceral canina com produtos de uso humano ou não registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento”
Clínica Veterinária, XIX, 108, 2014

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